A mídia tem sido a grande parceira no processo de formação da cultura da sustentabilidade na sociedade brasileira.
Via Lala Aranha
A mídia brasileira, em quase todas as suas editorias, vem demonstrando muito interesse em destacar os conceitos de sustentabilidade e de consumo consciente. Isto não é de hoje. Pesquisa realizada pelo DATABERJE com parceiras já demonstrava que em 2008 a sustentabilidade era pauta recorrente na grande imprensa. Não é somente a Rio+20 que tem inspirado estas diversas pautas. O tema está presente no país formalmente desde 1990, com as pioneiras Rádio Eldorado fazendo campanha para a limpeza do Rio Tietê e a TV Globo lançando o Globo Ecologia, com o ator e também ambientalista Vitor Fasano. Os jornalistas e as empresas de mídia foram se conscientizando da necessidade de apoiar, dar cobertura e esclarecer sobre a intersecção das áreas de negócios, sociais e ambientais nas ações das empresas, dos governos e das organizações públicas e privadas. Primeiro separadamente e já neste século com o chapéu da sustentabilidade.
O Meio e Mensagem, em reportagem especial realizada em maio de 2011 já destacava que a sustentabilidade “ganha espaço na imprensa” e citava várias delas com ações próprias e internas – a Rádio Eldorado foi à primeira mídia eletrônica a compensar emissões de CO2, em 2008 - e com ações externas como a ampla cobertura do tema, o lançamento de concursos e premiações e a edição de suplementos especiais que são verdadeiras joias em prol da divulgação do princípio da sustentabilidade e sua equação - pessoas, planeta e economia – na formação da qualidade de vida da nação. Hoje temos vários jornalistas especializados na área que tratam o tema com a maior propriedade e são convocados para todos os debates nacionais que têm acontecido. Estes jornalistas estão à frente de suplementos impressos de jornais, programas de editoras de revistas, de televisão e de sites especializados como o “Razão Social” (O Globo), “Programa Planeta Sustentável” (Grupo Abril) “Cidades e Soluções” (Globo News) e o eco.com, entre outros de grande destaque e contribuição para a conscientização da Sociedade.
A pesquisa publicada no dia 6 de junho p.p., realizada para o Ministério do Meio Ambiente pelo Instituto CP2 em abril – “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”- ouviu mais de duas mil pessoas. Sobre as principais preocupações dos brasileiros, o meio ambiente ficou em 6º lugar (13%) ficando atrás de saúde/hospitais (81%), violência/criminalidade (65%), desemprego (34%), educação (32%) e políticos (23%). Embora 78% dos brasileiros afirmaram nunca terem ouvido falar da Conferência da ONU Rio + 20, 47% conhecem o termo sustentabilidade e, destes, 46% o associam ao meio ambiente e 22% ao cuidado do meio ambiente, das pessoas e da economia ao mesmo tempo. Os problemas ambientais, por serem mais visíveis, atingem a preocupação de 65% dos entrevistados que os consideram uma questão de “sobrevivência”. Quando se trata da responsabilidade para gerar e resolver os problemas criados pela má utilização dos recursos naturais, os entrevistados (61%) acreditam que o governo estadual, as prefeituras (54%) o governo federal (48%) e as próprias pessoas (46%). E quem age na defesa do meio ambiente? As entidades ecológicas (41%), os meios de comunicação e os cientistas as (35%), entre outros, como o governo federal (20%).
O jornalista Carlos Piazza, superintende de Comunicação da Light, em entrevista a Anderson Scardoelli, para o Comunique-se, lamenta que “toda notícia que é sobre sustentabilidade está voltada para o meio ambiente” e chama a atenção para a importância e o real significado da palavra. Nesta pesquisa fica evidente esta tese do jornalista: o desmatamento, as poluição das lagoas, rios e do ar, o volume do lixo e o desperdício da água são os problemas identificados pelos entrevistados. Ocorre que ultimamente o conceito de sustentabilidade tornou-se um princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não deve comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.
A este princípio são atreladas as ações necessárias para que a sustentabilidade se torne uma questão do dia-a-dia do brasileiro: desenvolver, gerir/administrar, crescer e consumir sustentavelmente e que colocam o princípio de sustentabilidade em uma visão de longo prazo para valorizar e recuperar todas as formas de capital humano, natural e financeiro. O resultado disso é que o agir com sustentabilidade para a sociedade se tornou uma agenda socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente correta, criando políticas públicas e formando novas atitudes e comportamentos para empresas, governos, organizações e pessoas.
A grande credibilidade que a mídia brasileira desfruta na sociedade é a principal responsável na formação da opinião pública sobre temas que se tornaram imprescindíveis para a qualidade de vida atual e futura do país. Este papel fundamental tem sido uma tônica constante na mídia brasileira e também necessita ser preservado e valorizado para que as gerações futuras tenham clareza da importância desta parceria.
Lala Aranha, 12 de junho de 2012
http://aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=746&ID_COLUNISTA=77
Relações Públicas, é consultora da Teia de Aranha Comunicação. Nos últimos 20 anos, foi presidente da Ogilvy Relações Públicas, sócia-fundadora da Calia Assumpção Publicidade e Diretora da CDN Comunicação Corporativa. É membro do Conselho Diretor do WWF-Brasil. Escreveu o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas, lançado pela Editora Elsevier.
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